sábado, 12 de setembro de 2009

A importância do RVCC


Embora me pareça que foi ontem, já se passaram cinquenta e seis anos, desde aquele final de manhã, em que, juntamente com os meus companheiros de então, quase voei rua abaixo, para levar à minha mãe a notícia que ela mais esperava: "Passei mãe... passei!"
Passado todo este tempo e fazendo uma curta viagem ao passado, não me custa admitir que a notícia que então lhe transmiti nos contentava a ambos. Passava a haver na nossa humilde família mais dois braços disponíveis para trabalhar; por outro lado, eu sentia um grande alívio por não tornar a levar pancada do senhor professor Cabral.
Tenho perfeita consciência de que era um menino educado e com um comportamento normal, mas naquele tempo era este o método na maioria das escolas do nosso Portugal. Depois também porque a minha mãe, que Deus tem, teve o cuidado de dar "carta branca" ao senhor professor para me "meter na ordem" sempre que fosse preciso.
Volvido todo este tempo, quis o destino que eu voltasse a sentar-me numa sala de aula, agora sem as clássicas carteiras de dois alunos e sem os tradicionais, tinteiro, pena em madeira com aparo, lousa e ponteiro, ambos em ardósia, etc. Também já não tenho a meu lado o professor Cabral pronto para me castigar no caso de algo me correr mal.
Agora a sala é grande e arejada, os companheiros são rapazes e raparigas um pouco mais novos que eu e as professoras são bem simpáticas e sempre disponíveis para nos ajudar.
Por isso a escola já não me assusta, pelo contrário, é um local onde me apetece estar!
Sinto-me de novo uma criança, correndo atrás do tempo perdido e do conhecimento que me escapou outrora.
A unica mágoa que sinto, é por já não me ser possível bater à porta do meu grande companheiro de carteira e "irmão" ao longo da vida. Gostaria de o desafiar para se sentar de novo a meu lado e usufruir, também ele, da maravilhosa chance que o Programa NOVAS OPORTUNIDADES me estão a proporcionar.
Gaspar de Jesus (RVCC NB)