segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Novas Oportunidades Ler +

O Centro de Novas Oportunidades da AEP estabeleceu um protocolo com o Plano Nacional de Leitura, tendo como objectivo criar e, também, solidificar hábitos de leitura, através de várias actividades pensadas pela equipa dinamizadora do projecto. Pretende-se que os adultos inscritos e os que já tenham passado pelo Centro participem de forma activa e pertinente neste mesmo projecto!

E como podem participar?

Gostaríamos que as pessoas que quisessem participar nesta iniciativa nos enviassem comentários sobre os livros da sua vida; sugestões de leitura; fotos alusivas à leitura; quadros ou imagens sobre o tema dos livros e ideias originais para realizar essa mesma partilha de histórias.

O partilhar de ideias sobre os livros lidos pode ser feito em vários contextos: na formação, na praia, no Parque da Cidade, numa biblioteca portuense, num museu da cidade do Porto, em Serralves... Quem não aprecia um cházinho, ao final da tarde, com muitas letras doces à mistura? Não seria uma maneira diferente de se terminar um dia?

Para além disto, quem quiser pode ainda "libertar" um livro "no vento" na nossa "Official Crossing Zone", ou seja, pode deixar o seu livro neste local e pode ainda levantar outro para depois o voltar a soltar para outros leitores nele poderem mergulhar!

A equipa dinamizadora da iniciativa Novas Oportunidades Ler +




Pestanas

Inclinou a cabeça ligeiramente, pousando despreocupadamente a fronte sobre os dedos. Um equilíbrio digno de Rodin. Sentiu o calor a chegar, mas tarde demais… os olhos fecharam-se sobre si mesmos.
Foram só uns segundos.

Bateu as pestanas pretas com força (ah, pestanas dignas de criar e destruir universos). Bateu as pestanas com forças e o relógio parou. O tempo parou, o vento deteve-se nas folhas, tudo se aquietou. Ela sentiu uma ligeira náusea pela falta de movimento, como se o seu corpo não se reconhecesse. Esticou mentalmente cada dedinho, do polegar ao indicador, da esquerda para a direita, da mão ao pé, a cada momento pesquisando os ficheiros da memória, seleccionando fragmentos de tempo em que aqueles seres inertes foram vida. Inspirou sem sorver um grama sequer de oxigénio. Em pânico precipitou a caminhada e tombou pesadamente. De volta à cama.
Foram só uns segundos.

Retomou a si enquanto a observavam, qual passarinho enjaulado ou atracção circense. Penteou rapidamente o cabelo preocupado, assumiu papel equilibrado equilibrista. Sorriu e disse: Foi só um susto, nada a temer. As engrenagens foram oleadas, a máquina ligou, o comboio partiu. A cortina fechou-se e ela cerrou os olhos. Bateu as pestanas bateu, atirou-se contra a cama, atirou-se em contra-mão e nada. O sonho havia partido.

MD