“Quem aprende uma nova língua adquire uma alma nova.”
Juan Ramon Jiménez
Em casa cirandava um odor a profiteroles, pinceladas de chocolate preto, acompanhado com a voz rouca mas firme de Jacques Brel. Ela rodopiava, numa dança frenética, com Joe Dassin e tentava imitar os “rr” guturais de Piaff, sem qualquer êxito. Na mochila da escola, a revista “Salut” para conhecer um pouco mais sobre a música francesa e saborear o paladar doce e sensual da língua francesa. No sofá, deleitava-se com os movimentos intensos de Sergei Itovitch e bebericava, sedenta, as delícias do Bolero de Ravel. Iniciava-se na 7ºarte com Claude Lelouch. Depois seguiram-se as peripécias de Louis de Funès, de Bourvil e Fernandel. Quando as janelas choravam, ela deixava-se submergir no mar da nona arte e apreciava, de forma sôfrega, a obra de Goscinny e Uderzo e procurava seguir, curiosa, os passos do jornalista criado por Hergé. Depois, pelas mãos de alguns construtores de identidade, foram entrando outros nomes, outras obras que lhe foram acentuando o gosto pela Língua Francesa.
Agora, por vezes, odores de crepes multicolores vagueiam pela casa, tentando a curiosidade de novos habitantes; a voz saltitante mas doce de Mylène Farmer acompanha os movimentos deslizantes do carro e algumas obras de Comès ou de Schuiten e Peeters escondem-se por detrás de um portátil e de cópias para uma aula do dia; outras vezes, da sua carteira, tesouro impenetrável, espreita Marguerite Duras ou mesmo Françoise Sagan.
Num mundo envolto por conceitos como a globalização e a diversidade cultural, é essencial para qualquer cidadão saber uma ou mais línguas estrangeiras. Numa época de modismos e de aparências, é muito fácil cair-se na tentação de seguir o que é imposto pelos média e pela sociedade. Apesar de vozes de alguns velhos do Restelo anunciarem o iminente esvanecer da Língua Francesa, penso que também olvidam que a mesma é a sexta língua mais falada mundialmente; é utilizada frequentemente nas organizações internacionais (União Europeia, Nações Unidas, Comité Olímpico) e que a mesma está muito associada aos valores civilizacionais e à cultura.
Quando tudo se resume a preconceitos, parece-me que alguém está a trilhar caminhos muito tortuosos; isto é, quando há a tendência para associar de imediato a língua francesa ao emigrante, penso que o bom senso deixou de existir. É natural que as pessoas que trabalham muito tempo num país que não é o delas, absorvam palavras e expressões do mesmo! No entanto, a realidade actual é totalmente diferente, pois o emigrante de outros tempos deu agora lugar a um novo emigrante que ocupa posições de destaque e contribui para um melhor conhecimento de uma nação. Não será isto um motivo de orgulho?
Então por que razão devemos escolher, para além da língua inglesa ou outras línguas, a língua francesa?
Porque é uma língua que, em termos de sonoridade, é bela;
Porque é uma língua rica e em constante evolução;
Porque é uma língua ainda muito utilizada no mundo e, principalmente, nas organizações internacionais;
Porque é uma língua que está também associada a uma cultura grandiosa que nos ofereceu artes repletas de magia: a sétima e a nona artes, respectivamente;
Porque é ainda a chamada “língua do amor”;
Porque é uma língua que ainda exerce um fascínio invulgar em muitas pessoas.
Juan Ramon Jiménez
Em casa cirandava um odor a profiteroles, pinceladas de chocolate preto, acompanhado com a voz rouca mas firme de Jacques Brel. Ela rodopiava, numa dança frenética, com Joe Dassin e tentava imitar os “rr” guturais de Piaff, sem qualquer êxito. Na mochila da escola, a revista “Salut” para conhecer um pouco mais sobre a música francesa e saborear o paladar doce e sensual da língua francesa. No sofá, deleitava-se com os movimentos intensos de Sergei Itovitch e bebericava, sedenta, as delícias do Bolero de Ravel. Iniciava-se na 7ºarte com Claude Lelouch. Depois seguiram-se as peripécias de Louis de Funès, de Bourvil e Fernandel. Quando as janelas choravam, ela deixava-se submergir no mar da nona arte e apreciava, de forma sôfrega, a obra de Goscinny e Uderzo e procurava seguir, curiosa, os passos do jornalista criado por Hergé. Depois, pelas mãos de alguns construtores de identidade, foram entrando outros nomes, outras obras que lhe foram acentuando o gosto pela Língua Francesa.
Agora, por vezes, odores de crepes multicolores vagueiam pela casa, tentando a curiosidade de novos habitantes; a voz saltitante mas doce de Mylène Farmer acompanha os movimentos deslizantes do carro e algumas obras de Comès ou de Schuiten e Peeters escondem-se por detrás de um portátil e de cópias para uma aula do dia; outras vezes, da sua carteira, tesouro impenetrável, espreita Marguerite Duras ou mesmo Françoise Sagan.
Num mundo envolto por conceitos como a globalização e a diversidade cultural, é essencial para qualquer cidadão saber uma ou mais línguas estrangeiras. Numa época de modismos e de aparências, é muito fácil cair-se na tentação de seguir o que é imposto pelos média e pela sociedade. Apesar de vozes de alguns velhos do Restelo anunciarem o iminente esvanecer da Língua Francesa, penso que também olvidam que a mesma é a sexta língua mais falada mundialmente; é utilizada frequentemente nas organizações internacionais (União Europeia, Nações Unidas, Comité Olímpico) e que a mesma está muito associada aos valores civilizacionais e à cultura.
Quando tudo se resume a preconceitos, parece-me que alguém está a trilhar caminhos muito tortuosos; isto é, quando há a tendência para associar de imediato a língua francesa ao emigrante, penso que o bom senso deixou de existir. É natural que as pessoas que trabalham muito tempo num país que não é o delas, absorvam palavras e expressões do mesmo! No entanto, a realidade actual é totalmente diferente, pois o emigrante de outros tempos deu agora lugar a um novo emigrante que ocupa posições de destaque e contribui para um melhor conhecimento de uma nação. Não será isto um motivo de orgulho?
Então por que razão devemos escolher, para além da língua inglesa ou outras línguas, a língua francesa?
Porque é uma língua que, em termos de sonoridade, é bela;
Porque é uma língua rica e em constante evolução;
Porque é uma língua ainda muito utilizada no mundo e, principalmente, nas organizações internacionais;
Porque é uma língua que está também associada a uma cultura grandiosa que nos ofereceu artes repletas de magia: a sétima e a nona artes, respectivamente;
Porque é ainda a chamada “língua do amor”;
Porque é uma língua que ainda exerce um fascínio invulgar em muitas pessoas.
T.G.
2 comentários:
Não poderia estar mais de acordo com o que o/a bloguer que assina T.G.
Acontece que não sei falar francês, mas deu-se a casualidade de nos anos sessenta do século passado ter integrado o Exército Português em Angola como Operador de Informação das Transmissões.
Durante vinte e sete meses operei, melhor dizendo "espiei" as transmissões em grafia (morse)com origem no ex-Congo Brazavile. como eram emitidas em francês, depressa me familiarizei com esta lingua, ou seja, entendo práticamente tudo o que leio, mas não sei falar francês.
Agrada-me ter lido aqui que são os "velhos do restêlo" que anunciam o esvanecer desta importante lingua. Tão importante, que, é apenas e só, a 6ª lingua mais falada no mundo, e como afirma T.G. estará para sempre ligada aos maiores valores culturais e civilizacionais no globo terrestre.
Gaspar de Jesus
Pois...,a língua francesa..!
língua,
em que falar do amor
é sempre mais doce,mais terno
como o fado,mas sem enfado
como Amália e Piaff!
Esqueça-se Bonaparte
Junot,Soult ou Massena
Esqueça-se "Baudelaire" e até Joana D´arc,
Henrique de Borgonha
Pompidou, Miterrand
ou até o Maio de 68;
Esqueça-se a minha professora de Francês, do 8ºano,esquizofrénica,
"femme de la nuit"
que chumbou o meu francês,em 1975
porque cheguei tarde ao teste, por
causa dos transportes e não me querendo avaliar, à parte, eis-me a reconhecer,mesmo assim,o meu apreço pela língua francesa.
Além das figuras inumeradas e se calhar as mais ilustres,acrescentaria ainda algumas mais,para engrossar esse rol de notáveis da cultura,da língua francesa:Charles Aznavour,Jean Paul Belmondo,Michel Piccoli,Jaques Tatí,Georges Moustaki,Adamo,Art sullivan,Georges brassens..; e até no rock duro,na época de oitenta,o mítico grupo "TRUST" que fez furor,um pouco como Rui Veloso em Portugal.
Quanto ao francês "avec",julgo-o como os portugueses "com´s",que se calhar me incluo nesse rol.
"Orgulho"..?!, julgo-o,como uma palavra,dona de sensações que nos domam o frenesim,um "non sense",um espartilho .
Acho graça,essa cena dos acordos ortográficos..,grande treta;a mãe cede em demasia aos caprichos dos filhos.Deve ceder,porque a incerteza está em todo o lado,mas aínda mais nas páginas por virar.Mas então a linguagem "fácil" nos telemoveis,nos blog´s,na t.v.,dos velhos do restêlo,etc.
Nunca fui grande leitor de "mon ami Pierrot",mas os meus familiares,que no verão vêm de
França,cochicham de quando em quando "em francês",entre si,acerca de nós,como se fossem estrelas aparecidas ,de dia..,e eu respondo-lhes,quando devo .E assim.., olham-me adentro deles(julgo).
Voltando atrás e falando do orgulho,ou quase orgulho,lembro-me de um Festival da eurovisão,em que quem ganhou,foi uma filha de portugueses, de nome Marie Miriam,isto por volta dos anos oitenta;sim ,senti algo..,talvez..., uma alma nova e se calhar,ela ainda em mim mora!
Antonio Gomes
R.V.C.C./A.E.P./Leça Palmeira
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